domingo, 10 de julho de 2011

Sentido

O que fazer quando não há o que dizer
O Eu não me serve mais
Era tão especial, tão especial
Ousar já não traz paz
Sou um verme
Só isso, nada mais
Meus óculos não me servem
Vejo mundo, pequeno mundo
As coisas estão sem lugar
Pernas de moças a passar
Chamam meu nome sem falar
...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Palavras borboletas

Sempre achei explicações necessárias

Diante das meias palavras ditas

ou não ditas (perigosas demais)

Falar pode ser ainda mais.

Ah, se elas pudessem ser abrigo,

certeza e compreensão

no lugar de portas que se abrem a mil possibilidades

no vasto campo da imaginação;

Palavras Vivas (reais ou ilusão).

Há visões (de muitos) formadas, fechadas

Não adianta mais falar

É inútil qualquer esforço

Quando se está estigmatizada

A eterna vítima de si mesma:

“Tão bonitinha, inteligente, mas fraca”

Palavras punhal,

que ferem com ponta afiada

Para onde foram as palavras libertadoras?

As palavras borboletas...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pastiche

Se não tem o que dizer...
Realista, realismo
Se não tem o que fazer
Entupa de ismos
Se não tem o quer ler
Leia isto, escreva livro.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Retrato

Ah o sol, minha flor
Que rasga essa imensidão
Me encheu de dor
Perdido agora na escuridão

Ausente de mim estou
Desde que quis partir
A noite chegou
Mas não quero dormir

Esquecer o que teus lábios
Preso agora estou
Ensolarada dor

Deixa-me triste, amou
Desejo noite de cor
Retrato, não ficou.


domingo, 19 de junho de 2011

Palavra

Eu já não moro mais em mim
Fui na rua, no bar da esquina
Agora já esqueci o caminho
Comi o pão, bebi o vinho.

Do bar caminhei na rua
Entrei em becos vazios
Ventos fortes, porto de navios
Palavra nua, crua.




E me desculpem se isto parecer
Muito transcendental......
.....coisa que não estou afim
É de escrever...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Experimental

Pouco a pouco, o dia fica torto, vida, a vida a cidade se completa/Avenida segue reta indo em direção ao sentido reto esquecido da noção/ Em cada passo mil esquinas/ cidade torta, morta/ e os sonhos são sonhos/ a bater na porta, torta, solta em suspensão no ar do mar de carros, cheio de barro e lama, do rio, do fio de cobre, do joão que morre como nuvem no céu/vento a passear, livre como o tempo solto, como o ar e corta como um rio, rio, rio/ cidade aberta me espera, me acerta, me flerta, me leva como o rio, rio, rio/ Rio de riso, rio, rio, Riu o rio, riu do medo, do medo do povo, o polvo, estorvo de novo das águas dos olhos que não escorrem da fome, do oco vazio que consome o homem. E passo, passo pela cidade em passos, passos/ E não há mais espaço e espaço, sou pedaços/ Dos outros, do mundo, pedaços de aço, sou pedaço de traço/ só-rio, ex-corre-o-homem, pelas águas que sem pressa, so-correm o homem ou laço sem nó,/sou do mundo, sou todo mundo sou muito sou/ só sou eu, sou um, são tantos que eu pareço apenas mais, mais um.

Por: Chico/ Dandy/ Giselle/ Rafael

domingo, 5 de junho de 2011

Ainda ontem estava circulando uma hashtag no twitter, #EuQueroCpiPalocci, e em pouco tempo estava nos trends topics (questionável como o twitter faz os trends topics, mas o assunto não é esse, até pelo motivo de pouco entender dessa infinitude de abreviações e nomenclaturas cibernéticas inglês, nem sei se o termo é esse, se o twitter fosse ideia nacional, ainda sim se chamaria twitter). Fico feliz pela mobilização que ora se levanta, porém fico triste, e digamos, que até bastante chateado como homem, é que esses movimentos são puramente políticos, não há defesa da Pátria, há defesa de partido, e o pior, usando o povo. Que a população é influenciada e enganada já não é mais novidade nos trópicos tupiniquins, com ou sem o Sr. Palocci o Brasil continuará o mesmo. Se fosse sério o movimento teríamos que criar um novo Congresso, expulsar os “defensores” da República que por hora não é Federativa. Não é à toa que andamos tão descontentes e descrentes das práticas políticas em nosso Brasil, e isso se constitui um perigo, pois é aí que nossos políticos mais agem, o patrão passa a ser empregado. Mas não quero cansar meus amigos com essa conversa, o Sr. Palocci merece sim sair, não por CPI que já está mais que provado que em nada resulta, mas por meio da Presidenta, em prol do povo que ora quer, se é que quer. Se vamos fazer uma higiene corporal que não seja só lavar os cabelos, tomemos banho, e bem tomado, para que o fedor não fique, e troquemos de roupa, por favor.

Tijuca, 31-05-2011

domingo, 29 de maio de 2011

Nada de risos e deboches

Ia esperar o mês de maio findar para escrever sobre o que vi e li a respeito dos 130 anos de nascimento de Lima Barreto, entretanto creio sofrer de um mal que me impede de ficar calado, é preciso cultivar a paciência, bem sei disso, porém perder as estribeiras por vezes muito nos serve, sobretudo na literatura. São 130 anos do nascimento do rebelde de Todos os Santos, o mulato que rasgava as noites cariocas, um notívago por excelência, do suburbano de letra incisiva que sacudia a República, do intelectual que viveu da abolição da escravatura à semana de arte moderna (e nunca fora considerado moderno, inventaram o tal de pré-moderno, notem que não falo de escolas). Os contemporâneos de Afonso Henriques de Lima Barreto, bem como de nossa geração, ainda estão longe de entendê-lo e lhe dar o devido lugar de destaque na Literatura. Peço a devida permissão ao professor L.R. Leitão para fazer uso aqui da expressão “Rebelde Imprescindível” como forma de definir este singular homem, é isso mesmo, rebelde, palavra melhor não o define. Mas vamos ao fato que está me motivando a escrever hoje sobre Lima Barreto. Li hoje um artigo, que deveria ser uma homenagem a Lima B., publicado online no Observatório da Imprensa, com o seguinte título “Riso, deboche e literatura, 130 anos do genial Lima Barreto”. E fico a me perguntar onde é que a ilustre colega jornalista ( perdoe-me não sou jornalista) Cristina Nunes de Sant´Anna vê Lima Barreto com riso? Sua literatura não é simpática, ela é crítica sem ser velada como a de Machado de Assis, e a Sra. Sant´Anna bem pontua isso em seu artigo, mas não entendo por qual motivo crer que nosso notívago de Todos os Santos ria, será da própria miséria ou da alheia? Deboche também não é bom sinônimo para a escrita de Lima B. cara colega (perdão novamente pelo uso indevido do substantivo), a Literatura de Lima Barreto não fazia gozação, isso é rebaixar sua escrita a uma mera discussão de botequim, alguém que faz piada da desgraça sofrida e que nem percebe o quão miserável é, e fica a fazer troça do governo. Nenhum jornal rendera uma homenagem digna ao nosso rebelde, o artigo da Sra. Sant´Anna se prezou a isso, mas não obteve êxito, falou dos momentos históricos pelos quais a curta vida de Lima Barreto passou e num segundo momento com um subtítulo de “firme e malcriada” cometeu o absurdo de insinuar a Literatura de Lima como malcriada, assim parece até que a autora está contra o mulato suburbano das letras, a mim o termo soou mais como uma repreensão ao escritor. Creio que a Sra. Sant´Anna desconhece que Lima foi antes de mais nada um homem que lutou a vida toda, por isso imprescindível, como diria Brecht, citado pelo professor L.R. Leitão no seu livro “Lima Barreto, o rebelde imprescindível”. Sendo assim este mulato não era malcriado, a República que era grosseira com a periferia. Faltou paixão da Sra. Sant´Anna para falar do nosso “bêbado e esbodegado” (infeliz expressão da senhora Cristina Sant´Anna). Não me alongarei mais, corro sério risco de usar de “infelizes expressões” no artigo da Sra. Sant´Anna. Não era de se esperar que um jornal focado na crítica da mídia publicasse artigo à moda Imprensa Brasileira. 130 anos e o que a mídia publica de melhor em homenagem a Lima Barreto é um artigo de riso, debochado e de literário nada.


Ilha do Governador, 28-05-2011