quinta-feira, 28 de julho de 2011

vinte e sete

Me sinto só
enclausurado em mim mesmo
se os sonhos, só sonhos foram
se nada consegui, tudo inútil
meu caminho gigante, agora fútil
não quero reclamar, se lamentar
parece caso de quem não lutou
mas lutei, luto, me culpo
agora sou só um vulto
alma a pairar no espaço urbano
em que me encontro a me torturar
as letras não me levaram
para a morada celestial
elas me deram a literatura
que assusta o real
no mundo dos imortais
aos olhos dos outros nada sou
não sei o que virá, felicidade
é estado de espírito
o meu pelo menos sabe o que sou
nada sinto, remorso, dor, saudade
talvez saudade, não sei
é uma ânsia aqui dentro
que não tem nome
mas que me mata todo dia eu sei
não há fórmula para a vida
isso é apaixonante
ao mesmo tempo angustiante
meus sonhos verdes
parecem folhas de outono espalhadas pelo chão.

sábado, 23 de julho de 2011

Caminhada

Seres evoluídos eu sei
Sou raso enganado em profundidade
Imensurável sua caridade no meio
Circula em ventos de imensidade.

Cheiro de mato em sertão
De rios secos de chuva
Eu vou pra lá
Eu vim de lá.

Aurora boreal em cores de vida
São seres a levar esperança
Em corações que penam na subida
Sempre deixam o gosto da lembrança

Cheiro de chuva misturado com terra
Mata de veredas e caprinos na serra
Eu vou pra lá
Eu sou de lá.

Tempo II

Penso no passado, no futuro
E talvez nem existam, vou
Do meu nascer ao obscuro morrer
É o presente que sou.

domingo, 10 de julho de 2011

Sentido

O que fazer quando não há o que dizer
O Eu não me serve mais
Era tão especial, tão especial
Ousar já não traz paz
Sou um verme
Só isso, nada mais
Meus óculos não me servem
Vejo mundo, pequeno mundo
As coisas estão sem lugar
Pernas de moças a passar
Chamam meu nome sem falar
...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Palavras borboletas

Sempre achei explicações necessárias

Diante das meias palavras ditas

ou não ditas (perigosas demais)

Falar pode ser ainda mais.

Ah, se elas pudessem ser abrigo,

certeza e compreensão

no lugar de portas que se abrem a mil possibilidades

no vasto campo da imaginação;

Palavras Vivas (reais ou ilusão).

Há visões (de muitos) formadas, fechadas

Não adianta mais falar

É inútil qualquer esforço

Quando se está estigmatizada

A eterna vítima de si mesma:

“Tão bonitinha, inteligente, mas fraca”

Palavras punhal,

que ferem com ponta afiada

Para onde foram as palavras libertadoras?

As palavras borboletas...