quinta-feira, 28 de julho de 2011

vinte e sete

Me sinto só
enclausurado em mim mesmo
se os sonhos, só sonhos foram
se nada consegui, tudo inútil
meu caminho gigante, agora fútil
não quero reclamar, se lamentar
parece caso de quem não lutou
mas lutei, luto, me culpo
agora sou só um vulto
alma a pairar no espaço urbano
em que me encontro a me torturar
as letras não me levaram
para a morada celestial
elas me deram a literatura
que assusta o real
no mundo dos imortais
aos olhos dos outros nada sou
não sei o que virá, felicidade
é estado de espírito
o meu pelo menos sabe o que sou
nada sinto, remorso, dor, saudade
talvez saudade, não sei
é uma ânsia aqui dentro
que não tem nome
mas que me mata todo dia eu sei
não há fórmula para a vida
isso é apaixonante
ao mesmo tempo angustiante
meus sonhos verdes
parecem folhas de outono espalhadas pelo chão.

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