Era um domingo de sol cálido, quase nublado na cidade do Rio de Janeiro, domingo como um outro qualquer, domingo depressivo como todos, já que tudo é deserto e parado ou quase tudo, enfim, era um domingo de final de campeonato e de prova, a primeira de nível superior, para Roberto ou como prefira o leitor, Betinho ou ainda como preferia sua mãe, Beto. Ela o chamava de Beto ou Betinho menos por carinho e mais por não saber chamá-lo de Roberto, aliás nome assaz diferente do local de onde saíra. Sua mãe viu, não leu, certa vez um conjunto de letras num jornal e achara bonito e resolveu que aquele seria o nome de seu filho, desenhou as letras num papel e guardou consigo. A manchete era: “Preso traficante Roberto, vulgo Lelo”. Chega meu caro leitor, porque não vou aqui narrar a história de Betinho, isso não! Não é isso o que quero relatar, isso seria biografia e assim os analistas de plantão farão, perdão o horror da palavra, um perfil sócio-biográfico-psico de Betinho e dirão que escrevo mentiras, isso não.
Como dizia D. Marta, tia de Betinho, de gramática e futebol todo mundo sabe um pouco e Betinho só sabia de futebol uma coisa: time de casa perde ou não perde dá confusão do mesmo jeito. Ele chegara ao local da prova, vizinho ao estádio onde acontecia a final de campeonato, uma hora antes como bem tinha expresso no edital. Chegara de ônibus, outro meio não dispõe. Betinho tinha mais preocupação na hora da saída, culminava com o término do jogo, que propriamente com o concurso. Torcidas eufóricas invadindo as ruas vazias de um domingo e Betinho num ponto de ônibus não era uma combinação agradável de imaginar. Entretanto, algo afastou a mente de Betinho dessas preocupações. Chegando ao local indicado encontrou uma enorme fila de candidatos, foi passando um a um beirando o meio-fio, enquanto caminhava observava também os carros e táxis que paravam e desembargavam mais candidatos e, ele olhava no rosto de cada um e via a mesma coisa: rostos vermelhos devido ao sol, roupas de marca, perfumes gostosos e um jeito de olhar indiferente. Chegou ao final da fila e percebeu que os únicos negros que ali estavam eram ele e os que vendiam lápis e caneta preta para candidatos.
Como dizia D. Marta, tia de Betinho, de gramática e futebol todo mundo sabe um pouco e Betinho só sabia de futebol uma coisa: time de casa perde ou não perde dá confusão do mesmo jeito. Ele chegara ao local da prova, vizinho ao estádio onde acontecia a final de campeonato, uma hora antes como bem tinha expresso no edital. Chegara de ônibus, outro meio não dispõe. Betinho tinha mais preocupação na hora da saída, culminava com o término do jogo, que propriamente com o concurso. Torcidas eufóricas invadindo as ruas vazias de um domingo e Betinho num ponto de ônibus não era uma combinação agradável de imaginar. Entretanto, algo afastou a mente de Betinho dessas preocupações. Chegando ao local indicado encontrou uma enorme fila de candidatos, foi passando um a um beirando o meio-fio, enquanto caminhava observava também os carros e táxis que paravam e desembargavam mais candidatos e, ele olhava no rosto de cada um e via a mesma coisa: rostos vermelhos devido ao sol, roupas de marca, perfumes gostosos e um jeito de olhar indiferente. Chegou ao final da fila e percebeu que os únicos negros que ali estavam eram ele e os que vendiam lápis e caneta preta para candidatos.
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