"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho."
- A pedra no meio do caminho que Drummond falou
Era Quixadá que o velho do saco plantou.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Nível Superior
Era um domingo de sol cálido, quase nublado na cidade do Rio de Janeiro, domingo como um outro qualquer, domingo depressivo como todos, já que tudo é deserto e parado ou quase tudo, enfim, era um domingo de final de campeonato e de prova, a primeira de nível superior, para Roberto ou como prefira o leitor, Betinho ou ainda como preferia sua mãe, Beto. Ela o chamava de Beto ou Betinho menos por carinho e mais por não saber chamá-lo de Roberto, aliás nome assaz diferente do local de onde saíra. Sua mãe viu, não leu, certa vez um conjunto de letras num jornal e achara bonito e resolveu que aquele seria o nome de seu filho, desenhou as letras num papel e guardou consigo. A manchete era: “Preso traficante Roberto, vulgo Lelo”. Chega meu caro leitor, porque não vou aqui narrar a história de Betinho, isso não! Não é isso o que quero relatar, isso seria biografia e assim os analistas de plantão farão, perdão o horror da palavra, um perfil sócio-biográfico-psico de Betinho e dirão que escrevo mentiras, isso não.
Como dizia D. Marta, tia de Betinho, de gramática e futebol todo mundo sabe um pouco e Betinho só sabia de futebol uma coisa: time de casa perde ou não perde dá confusão do mesmo jeito. Ele chegara ao local da prova, vizinho ao estádio onde acontecia a final de campeonato, uma hora antes como bem tinha expresso no edital. Chegara de ônibus, outro meio não dispõe. Betinho tinha mais preocupação na hora da saída, culminava com o término do jogo, que propriamente com o concurso. Torcidas eufóricas invadindo as ruas vazias de um domingo e Betinho num ponto de ônibus não era uma combinação agradável de imaginar. Entretanto, algo afastou a mente de Betinho dessas preocupações. Chegando ao local indicado encontrou uma enorme fila de candidatos, foi passando um a um beirando o meio-fio, enquanto caminhava observava também os carros e táxis que paravam e desembargavam mais candidatos e, ele olhava no rosto de cada um e via a mesma coisa: rostos vermelhos devido ao sol, roupas de marca, perfumes gostosos e um jeito de olhar indiferente. Chegou ao final da fila e percebeu que os únicos negros que ali estavam eram ele e os que vendiam lápis e caneta preta para candidatos.
Como dizia D. Marta, tia de Betinho, de gramática e futebol todo mundo sabe um pouco e Betinho só sabia de futebol uma coisa: time de casa perde ou não perde dá confusão do mesmo jeito. Ele chegara ao local da prova, vizinho ao estádio onde acontecia a final de campeonato, uma hora antes como bem tinha expresso no edital. Chegara de ônibus, outro meio não dispõe. Betinho tinha mais preocupação na hora da saída, culminava com o término do jogo, que propriamente com o concurso. Torcidas eufóricas invadindo as ruas vazias de um domingo e Betinho num ponto de ônibus não era uma combinação agradável de imaginar. Entretanto, algo afastou a mente de Betinho dessas preocupações. Chegando ao local indicado encontrou uma enorme fila de candidatos, foi passando um a um beirando o meio-fio, enquanto caminhava observava também os carros e táxis que paravam e desembargavam mais candidatos e, ele olhava no rosto de cada um e via a mesma coisa: rostos vermelhos devido ao sol, roupas de marca, perfumes gostosos e um jeito de olhar indiferente. Chegou ao final da fila e percebeu que os únicos negros que ali estavam eram ele e os que vendiam lápis e caneta preta para candidatos.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
O Livro dos Símbolos
Abro o livro dos símbolos
Com um ar gelado do abrigo,
Mexo nos papéis velhos
Nas folhas meladas pelo tempo.
O livro das miragens
Dos sentimentos puros e selvagens.
Das entranhas de mim
Do cipreste que toca no finito
Da aurora boreal sem fim
Das boas-novas que estão no infinito.
É o livro que fala dos cometas
Das supernovas, asteróides e planetas.
Como uma cadente que raiou
Como a escuridão da Mandala
Que é a mente e nos marcou
Como o Om que a criou.
Este é o livro dos acertos e erros
Sou teu aprendiz e seguidor
Sou teu monge, teu franciscano
És minha luta, sina, dor.
Uma fonte, um arcano
A índua dócil de amor.
Livro dos símbolos e trabuca dos mistérios
Indubitado da grandeza como é o cosmo.
A luz que me guia, desvia e reguia
Viagem em ti pela luz prima
Encontro algas, cores, alegria,
O silêncio do mar e o idílio das ondas fazendo rimas.
Este livro de vento alisado
Que sopra do boreal a austral.
Alísio que faz e desfaz
Que move o mar, o tempo e espalha a paz.
És o tudo e o nada, o dito e não-dito.
Livro que leio, me consome e estar em mim.
Com um ar gelado do abrigo,
Mexo nos papéis velhos
Nas folhas meladas pelo tempo.
O livro das miragens
Dos sentimentos puros e selvagens.
Das entranhas de mim
Do cipreste que toca no finito
Da aurora boreal sem fim
Das boas-novas que estão no infinito.
É o livro que fala dos cometas
Das supernovas, asteróides e planetas.
Como uma cadente que raiou
Como a escuridão da Mandala
Que é a mente e nos marcou
Como o Om que a criou.
Este é o livro dos acertos e erros
Sou teu aprendiz e seguidor
Sou teu monge, teu franciscano
És minha luta, sina, dor.
Uma fonte, um arcano
A índua dócil de amor.
Livro dos símbolos e trabuca dos mistérios
Indubitado da grandeza como é o cosmo.
A luz que me guia, desvia e reguia
Viagem em ti pela luz prima
Encontro algas, cores, alegria,
O silêncio do mar e o idílio das ondas fazendo rimas.
Este livro de vento alisado
Que sopra do boreal a austral.
Alísio que faz e desfaz
Que move o mar, o tempo e espalha a paz.
És o tudo e o nada, o dito e não-dito.
Livro que leio, me consome e estar em mim.
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