Nas madrugadas anunciadas
é chegada a hora de andar
a estrada trazida pelo amanhecer
não pode ser negada
caminhar sem medo de partir
sem saber o que há na estrada
até outras madrugadas fatigadas
é a terra que há de engolir
e a noite chegou
sozinho estou no caminho
não espero alvorecer
nem quero
a noite é silêncio-reflexão
vou buscar nela viver
o presente nada mais
o negro céu deixa minha voz voar
rasgar o manto negro
e evolui meu espiríto
mas quando o dia vier
é preciso não ter desperdiçado a noite
abandonar a covardia
encará-lo altivo
e renovar-se na noite seguinte
não quero a razão
quero meu copo vazio