terça-feira, 23 de junho de 2009

Mesmo Tamanho

Escrevo você certinho
Talvez até muito direitinho
Certinho demais para o seu jeitinho.

Te como bem devagarzinho
Devagar demais p’ra meu bocão
Mas como e como bem gostosinho.

Te ensaio só um tiquinho
Que é p’ra não gastar tanto
Mas gosto de você menos ensaiando.

Quase um dia perfeito
Encena peças, é atriz e plateia
Porém também não presto.

Há dias que canso
Outros nem me espanto
E em alguns me engano.

Somos do mesmo tamanho
Nenhum pior que o outro
Não prestamos, mas nos amamos.

domingo, 21 de junho de 2009

Minha Mulher

Quando me feriu não foi a mim mulher desvairada
A você muito menos que não me tem
Foi ao velho amor da viola quebrada
Que toca a balada triste noturna
Da solidão que encerra amor
Na estrada da vida mesclou
Nós, um em mim
De que não
Ficou nem
Um.

Coração sem norte e mulher sem paixão

Complicação que é ação
Porém me enlouquece
Nessa Ciranda de versos
Sem nenhuma
Conexão.

sábado, 13 de junho de 2009

Moderação no caminho

Já passa da meia-noite, o dia é sempre bom é como um lugar ideal, mas que falta algo e o que falta no dia é a noite que vem sempre iluminar a cidade, a rua, a minha vida. Então é através da noite que percebo que as vezes estamos num caminho sem volta, a literatura que tanto nos proporciona momentos magníficos, também nos cerca no tempo e nos intimida, ela que mexe conosco e com o mundo e as vezes assusta. É assim que me sinto quando leio, por exemplo, Guimarães Rosa ou Clarice ou ainda quando aquele velho bruxo do Cosme velho me diz com a maior simplicidade todas as amarguras do homem, isto amendronda, porém faz crescer.
Hoje frio, congelou meus pés e mãos, mas minha mente manteve-se quente.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Consertar Você

Corri longos dias p'ra tentar
Tentar encontrar você diferente
E tudo foi em vão
Não adiantou e falhei com sua mente.

Tentar consertar você...
Foi meu objetivo
Meu medo é que não volte mais
E fique perdida no Subjetivo da vida...

Tentar consertar você
E trazê-la para Casa
Como a luz do sol
Que entra em massa.

Quebre a janela e grite
"Sou eu, sou eu, sou eu"
Não se aguente mais
Venha, não sei o quê, lhe visitar

"Me deixa voltar p'ra Casa
Deixa-me só
Já que só estou neste caminho perdido
Mas voltar p'ra onde?
Não há horizonte daqui"

Há somente Você e você
E neste confronto sobreviverá
Somente teu verbo
Que diz p'ra renovar, renovar.

Coletivo

Agora que não entendo
Me sinto novo, iluminado
Por não saber o caminho
Foi que passei a caminhar
Não sabendo como chegar na Messejana
Fui para na Parangaba e Aldeota
Tomar café da manhã, que idiota.

Memorial de Areia

Novamente vai se lembrar
Do memorial de areia
Que me cabe juntar
P’ra espalhar no canal aberto.
Ele vai correr de esgoto em esgoto
Até deságuar no mar de erros
E evaporar em nuvens de chover.
Chuva de redenção e apelos
Que cai e nasce como um desespero.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Casa de Taipa

Pelo apartamento vazio
Ouço o triângulo e o bumbo
Que tocam aquelas músicas
E fazem voar até o humilde Ceará.
Vejo o dia amanhecer, o sol de junho
Que deixa as pernas da moça mais bonita.
Escuto o som das cabritas no cerrado
Que se perdem longe da casa de taipa
Iluminada pelas lamparinas na sala
De onde se ver o trem passar
Cortando a noite do sertão
Deixando mais bela as estórias de assombração.
De lá vim, de lá sou, de lá serei, pra lá vou
Ainda tenho medo da solidão
Que foi o desafio de estar nestas estradas
Que é de caminhar na escuridão
Sabendo que devo àquela casa
Que foi ela meu princípio
Minha aprendizagem de vida
Observando a natureza seca daquela paisagem.